Avançar para o conteúdo principal

"À primeira armadilha..."




Um punhado de supostos especialistas em relações humanas - desde psicólogos, coaches, terapeutas; um conjunto de oito casais com uma expetativa quase infantil (e não no sentido pejorativo) de encontrar a alma-gémea ainda mais às cegas do que num blind date; uma apresentadora que lá está essencialmente pela imagem, leia-se 'palminho de cara' + exibição das últimas tendências, com profundidade praticamente zero na forma de inter-agir com os concorrentes porque também mais não lhe é permitido; e umas casinhas muito giras no centro de Lisboa, que portanto devem ser bem carotas, destinadas aos recém-casais e à sua louca aventura de se terem casado com um desconhecido -

- eis o "Casados à Primeira Vista" na sua versão portuguesa.

Confesso que me faz muita confusão quando ouço alguém dizer que "não vê televisão"!!... Mas como é que estes lunáticos se podem dar a esse 'direito', em pleno séc. XXI?!! É que falam da televisão, ainda por cima, como se fosse um 'papão', donde SÓ sai porcaria, quando toda a gente sabe - até estes lunáticos o saberão!!... - que se trata de uma 'caixa', com um fundo infinito, e também quase infinitamente diversificado!!

Há para todos os gostos!! Sim, há muita negatividade, maus exemplos, etc., mas também pode ser a fonte de aprendizagens super-interessantes, de um enorme up-grade à nossa cultura!! ...

... até com os reality shows!! Ah, pois!... 
Felizmente sou suficientemente bem resolvida para admitir que já vi um ou outro reality show, sobretudo quando é testado um 'novo modelo', cujas 'cobaias' nos transmitem muitas informações interessantes sobre as relações e reações humanas quando sujeitas a determinadas experiências, e o que isto pode revelar sobre a verdadeira natureza humana!!

E sim, também senti asco em relação a muitos desses mesmos reality shows, e aos seus múltiplos personagens, que não são apenas os próprios concorrentes (que são as principais vítimas de todo o mal que possa advir dessa experiência, mas que na mesma se auto-colocaram), mas passando também por exemplo pelos apresentadores, como uma Teresa Guilherme a puxar o nível do programa para baixo o mais que pode e a exercitar jogos de parcialidade completamente anti-deontológicos na função que ali desempenha, e na sua profissão em geral.

Neste caso, do "Casados...", o mais curioso que até agora constatei foi a capacidade de auto-sabotagem do ser humano, e o mais fascinante foi o constatar (sempre aliviado!) de que, de facto, nós de matemática nada temos!!

Auto-sabotagem porque, desde logo, é analisada a compatibilidade de pessoas (apenas) com base nos que já começam a ser muito falados testes do eneagrama. Ora, quanto mais em negação estivermos com nós próprios e mais desonestos formos com a nossa verdadeira essência, mais as nossas respostas a esses testes se vão revelar uma farsa!!
E bem sabemos que isto será tão frequente de suceder!...

Por exemplo, ao ser apresentada ao entrevistado uma questão acerca de uma determinada qualidade de personalidade, o mesmo pode ser tentado a insuflar a sua resposta, por tratar-se mais do que considera que deveria ser, ou que sabe que é o ideal ser-se, do que o que 'é', realmente!...

E logo aqui fica tudo irremediavelmente comprometido!! Mais ainda quando estas pessoas prosseguem com uma auto-imagem que criaram e querem na mesma acreditar, ou representa-la, a todo o custo!!

A minha estupefação é que supostamente sou uma leiga a comparar com a grupeta dos "doutores das relações humanas" do programa, e onde se encontra a responsabilidade dos mesmos, ao passarem por cima da falibilidade que só podem saber ser indissociável nos testes do eneagrama, e dos personagens que os entrevistados pode encarnar mesmo quando se apresentam fisicamente a quem os analisa? 

E também não deveriam ter uma especial intuição para detetar incongruências advindas desses 'atores'?... Ou, desde logo, para saber com mais mestria efetuar a triagem entre os que, de facto, são mais 'atores', dos que ali se encontram mais transparentes?...  

Já propiciará muito mais contentamento e satisfação para quem assiste ao programa - falo por mim, pelo menos! - verificar que de todo este laboratório televisivo se pode extrair que, com mais ou menos veracidade ao responder a testes, por mais que se tente matematizar o ser humano e as suas relações amorosas, não se consegue!

E neste ponto sou forçada a colocar no mesmo saco a minha tão querida Astrologia!... As conjugações clássicas de compatibilidades são um flop tantas e tantas vezes, sendo tantas outras as mais improváveis as que originam o "felizes para sempre"!!...

Porque somos um conjunto de emoções malucas, experiências, contextos, educação, ascendentes, luas e vários 'números' do eneagrama num só ser, sempre em devir, sempre com o nosso grãozinho de imprevisibilidade,...

Mas, em comum, todos buscamos o Amor, todos queremos ser felizes!
Por isso, eu aplaudo a coragem destes malucos que concorreram a um reality show desta natureza!
... mas só o faço aos que tiveram este móbil do Amor, e não aos que possam ter projetado outras finalidades vis e materialistas, por exemplo.

Faço-o aos que, pelos vistos, são como nos canta a Adriana Calcanhoto no seu "Senhas":
«Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem.»

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Adorei!!...

... estas minhas novas aquisições da Kiko: óleo labial transparente/ rosa suave brilhante, com sabor e aroma a baunilha (nham!!), e um (também) delicioso batôn cremoso, levemente brilhante , com cor de fruto silvestre maduro, e aroma, desta vez a... maracujá! Hmm! - - e ambos não chegaram a € 25!! Ah, e as embalagens são lindas! É do que esta marca mais tem de fabuloso: produtos apetecíveis e, atenção, em geral de boa qualidade, a par de preços acessíveis! Nunca fui de muita maquilhagem... nem pouca, muitas vezes!! Nos últimos tempos, no entanto, ando a fazer um esforço para 'recuperar o tempo perdido', e quase que me obrigo a parar de fronte dos escaparates de maquilhagens das diversas marcas (que, realmente, são sempre lindíssimos!), para tentar enturmar-me naquilo! Não é que seja sacrifício nenhum, pelo contrário, sempre achei o mundo dos pozinhos mágicos muito giro e até sempre me fascinou um bocado desde miúda, mas acabo sempre por investir os meus cobres noutras ...