Françoise Sagan. Boémia, hedonista até à última das partículas do seu fustigado organismo.
Porque é que há sempre tanto sofrimento nestas figuras literárias, frágeis, expostas ao vento da vida em barcos de papel, desenraizadas, aéreas e voláteis?!...
Porque é que o génio nunca é feliz, deixando-se contentar com a sua superior condição, regozijando-se com isso e disso desfrutando simplesmente, porquê?!
Françoise era mais uma alma atormentada, sempre em busca de algo que não encontrou durante toda uma vida de 69 anos, que poderia ter sido mais longa se não tivesse sucumbido, talvez, à irresponsabilidade de uma condução perigosa (num dos seus carrões caríssimos) que quase a matou em jovem, no entanto a induziu num coma de 3 meses que nunca pode fazer bem a ninguém, que pelo menos como efeito certo que deixou para o resto da vida foi a sua dependência das drogas.
Começou com a compreensível morfina para lhe aliviar as dores, daqui passou para outras, para o álcool constante, nunca mais tendo deixado de ter uma condição de adita.
Talvez aí fosse parar, de qualquer forma, dado o que aqui já se disse, do seu viver intenso e voluntarioso, a não rimar mal com a nouvelle vague, em que se inseria...
Teve um filho, Denis, com cujo amor e responsabilidade acabou por não conseguir lidar.
Escreveu dezenas de romances, algumas obras para teatro e realizou dois filmes.
Vivia em comunidade com amigos, considerando que devemos escolher uma segunda família, só nesta sendo livres e autênticos, dizia.
Morreu sozinha nos grandes afetos, de mão dada à sua derradeira empregada.
Agora pergunta-se: valeu a pena tanta paixão, tanto penar?
Porque não agarrou em toda a sua força vulcânica e a canalizou para amores supremos, vivências perfeitas, porque não soube também fazer-se bem, apaziguar-se?!...
Tinha tudo!...
Mas ela não era assim. Ponto.
A mensagem que deixo é que tomem como exemplo estas vidas com tanta energia dispersa e desperdiçada, e sigam outra via:
saibam honrar os vossos tesouros interiores, o que a vida vos deu, saibam cuidar-se e ser bons cuidadores.
Françoise, com o pretexto de tanto "querer viver a vida", foi a sua pior inimiga.
E é aqui que a famigerada frase "sejam felizes!" ganha conteúdo.
Boa semana, boas opções, sábia caminhada, é o que vos desejo!

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