Ontem começou o Outono.
Num episódio do icónico "Sex & The City", a nossa Carrie Bradshaw dizia que percebemos que chegou o Outono quando vamos buscar um cobertor para colocar na cama.
Eu fui buscar o edredon!...
Há sempre momentos na vida em que entramos mais em comunhão com a natureza, e com ela estamos ali nem que uns segundos de mão dada cúmplice - a percepção do primeiro 'verdadeiro dia' de qualquer estação do ano é um desses momentos, e penso que pelo menos quase toda a gente tem essa capacidade sensorial.
Não se trata apenas de "estar mais frio, de repente", ou "mais calor", trata-se de uma viragem na atmosfera, um sentir subitamente os pés mais frios nos mesmos sapatos, o vento que não nos passa na cara da mesma maneira,... ou termos de ir buscar o cobertor, como bem dizia a Carrie.
Até há não muito tempo eu dizia que não gostava do Outono, que não gostava deste ou aquele mês, mas só do sol, e da praia, e portanto só daqueles mesesinhos simpáticos e dengosos que os oferecem de bandeja, mas fui sabendo apreciar cada vez mais todas as delícias outonais, e até invernais!
O cheiro a castanhas nas ruas, no meu caso lisboetas, o multiplicar de programas 'cosy' que de súbito se desenrolam em perspectiva, a poderem ser concretizados com namorado, marido, amigos, filhos, familiares em geral, ou na própria companhia, em cafés, cafetarias, salões de chá, padarias trendy, museus, restaurantes, cinemas, teatros, bares.
Programas a cheirar a chocolate quente e a conversas demoradas, que desvelam confissões em sussurro que só podem acontecer com uma chuva lá fora, um amigo à frente e uma mesinha de canto.
Copo de vinho tinto, filme de Woody Allen, entrecôte fervilhante, gargalhadas em torno de uma mesa caseira sem vontade de lá sair - tudo isto rima muito mais com Outono do que com as estações das cores bubble gum.
E até a própria meteorologia e suas consequências têm os seus encantos e belezas: o pardo céu ajuda-nos à reflexão e 'dá-nos juízo' - o que por vezes tem de ser e dá jeito!... -, as folhas douradas remetem-nos para memórias de infância, aquecendo-nos o coração, e espicaçam-nos imaginações românticas, poetizando-nos a alma.
Brindemos ao Outono! (com um Porto vintage, já agora, que tem tudo a ver! ;))
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